Nota da Coordenação de Políticas para as Mulheres do SINASEFE sobre o julgamento do caso Marielle Franco e Anderson Gomes

A Coordenação de Políticas para as Mulheres do SINASEFE compreende a importância de posicionamento acerca do julgamento do caso de Marielle Franco e Anderson Gomes, assassinados de forma brutal, em março de 2018, em um crime que chocou o país e gerou uma onda de indignação, sobretudo na exigência de respostas para o crime e as estruturas que os cercam. Entendemos que o júri popular, que aconteceu entre os dias 30 e 31 de outubro de 2024, representou um momento crucial para a democracia e a justiça no Brasil e para respostas à pergunta que, por muito tempo, foi entoada: “quem matou Marielle e Anderson?”, sobretudo por Marielle Franco ser um símbolo da defesa dos direitos humanos e da luta contra a violência, a desigualdade e a opressão. A execução de Marielle Franco e Anderson Gomes é um dos episódios mais emblemáticos das práticas criminosas que se tornaram cada vez mais comuns nos últimos anos e colocam na ordem do dia, a importância do debate sobre políticas públicas efetivas para o fortalecimento e a promoção dos direitos humanos e para o combate à violência e suas diferentes facetas.

Em um contexto conjuntural de ascensão da extrema direita, o substancial aumento da violência impacta nos índices e materialização da violência política e de gênero, reflexos da associação entre ideologia fascista e o crime organizado, características intrínsecas à extrema direita. As mortes de Marielle e Anderson, para além da execução covarde, ainda expressam o linchamento político a que lideranças de esquerda são substantivos. Expressam ainda o quanto é emblemático as tensões sociais que permeiam a sociedade brasileira, sobretudo a vulnerabilidade das lideranças políticas e sociais, especialmente aqueles e aquelas que atuam em áreas de forte violência e que fazem o enfrentamento aos grupos hegemônicos e criminosos.

Repudiamos a lentidão nesse processo de responsabilização dos culpados. Infelizmente, foram necessários mais de 6 anos e a eleição de um presidente comprometido em dar respostas ao caso, para que, finalmente, os responsáveis fossem levados à justiça, já que a investigação dada foi igualmente criminosa e realizada para desviar a atenção dos verdadeiros responsáveis pelas mortes, tornando esse crime ainda mais grave.

Frente a isso, a Coordenação de Política para as Mulheres destaca a importância desse julgamento e espera que os mandantes dessa execução também sejam devidamente responsabilizados e punidos. Embora uma condenação não diminua a dor das famílias envolvidas e nem a perda sofrida por toda a sociedade brasileira, diminuirá a sensação de impunidade.

Infelizmente a execução de Marielle não é um caso isolado. Temos visto diariamente a perseguição e morte de mulheres que são lideranças políticas e sociais em todo o país. A misoginia e o machismo, que ainda imperam em nossa sociedade, criam homens que acreditam que tem o direito de nos silenciar a qualquer custo e de quaisquer maneiras. Não é possível separar a violência política da violência de gênero no caso Marielle, assim como em dezenas de outros em que mulheres foram assassinadas por homens que acreditavam que elas não tinham o direito à voz e a um posicionamento político. Que esse julgamento abra o caminho para que a justiça seja feita em outros tantos casos de violência política e de gênero que ocorreram em nosso país nos últimos anos.

Nós, da Coordenação de Políticas para as Mulheres, reafirmamos nosso compromisso na luta pelos direitos das mulheres e na incansável defesa dos direitos humanos e da participação livre e ativa de mulheres no espaço político. A condenação dos assassinos de Marielle e Anderson expressam a importante articulação de ativistas, movimentos sociais, familiares de vítimas, instituições de direitos humanos e toda sociedade brasileira. É fundamental que esse julgamento expresse mudanças históricas no enfrentamento à violência política, de gênero e de raça e na importância de protegermos àqueles e àquelas que dedicam suas vidas para lutar por direitos.

Que nenhuma outra mulher seja interrompida!
Justiça por Marielle!
Justiça por todas!
Parem de nos matar!

Baixe aqui a Nota da Coordenação de Políticas para as Mulheres do SINASEFE sobre o julgamento do caso Marielle Franco e Anderson Gomes, visível logo acima, no timbre do sindicato (formato PDF).

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Fonte: SINASEFE-DN

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