Resumo e vídeos do 1° Ciclo de Palestras da Consciência Negra do SINASEFE IFPA, CTRB e CIABA

De 25 a 29 de novembro, o SINASEFE IFPA, CTRB e CIABA promoveu o 1° Ciclo de Palestras da Consciência Negra com o tema “SINASEFE ANTIRRACISTA: Consciência, Luta e Identidade Negra”. O evento foi realizado na modalidade remota, por meio da plataforma Zoom, com o objetivo de discutir as políticas públicas antirracistas para a promoção da igualdade racial e reafirmar as lutas e resistências do povo negro.

Dia 25

Para abrir os debates, a debatedora convidada foi a Doutora em Sociologia e Professora Edivânia Alves que ministrou a palestra “Educação antirracista na formação de professoras e professores”. Edivânia destacou a importância de discutir o tema do racismo não somente no mês da Consciência Negra, mas, sim, de forma contínua até que se alcance a igualdade racial de fato.

Também falou sobre a necessidade de educadoras e educadores negros incluírem discussões sobre questões étnico-raciais no planejamento escolar, a partir da contribuição intelectual de autoras e autores negros, e de articular o combate ao racismo, bem como o reforço de práticas antirracistas, com outros conteúdos curriculares, seja por meio de círculos de leitura ou projetos de pesquisa e extensão direcionados para essa temática. Além de incorporar experiências de estudantes negros, indígenas e quilombolas no ambiente escolar, reconhecendo a sala de aula como um espaço de desafios e aprendizagem mútua.

Dia 26

No dia seguinte, ocorreu a palestra “Mulheres negras nas instâncias de poder”, com a Secretária Municipal de Cultura e Turismo de Castanhal, Especialista em Educação para as Relações Étnico-Raciais e Professora Janete de Oliveira, que compartilhou experiências pessoais, profissionais e históricas sobre discriminação racial, ressaltando os desafios enfrentados por mulheres negras em cargos de liderança – como a constante necessidade de provar competência e capacidade de gestão.

Comentou ainda sobre a exploração de mulheres negras e indígenas no trabalho doméstico, realidade que está diretamente associada à persistência do racismo estrutural na sociedade e gera profundas desigualdades sociais, raciais, econômicas e culturais. Como umas das formas de reverter a situação, mencionou a importância das políticas afirmativas de inclusão e equidade racial que se propõem a garantir direitos historicamente negados a pessoas pertencentes a grupos discriminados e vitimados pela exclusão, a exemplo das cotas raciais, que garantem o acesso de mulheres e homens negros nas universidades e institutos federais e no serviço público por meio de reserva de vagas.

Dia 27

A terceira palestra “Projeto Quilombo: Memória e Vida”, com o Especialista em Métodos e Técnicas de Ensino e Professor Henrique Brito, teve como foco a apresentação de um projeto educacional que, desde 2007, oportuniza visitas presenciais de estudantes à comunidades quilombolas no Pará: Abacatal, Macapazinho, África-Laranjituba e Espírito Santo do Itá, cada uma com origens e histórias distintas.

A proposta pedagógica segue a orientação tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) quanto dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) no que tange à valorização da cultura afro-brasileira, promoção do respeito à diversidade cultural e religiosa, e da conscientização sobre questões étnico-raciais.

O professor explicou que, além de compartilhar informações sobre formas de organização social, fontes de alimentação e renda, tradição e costumes, também aborda assuntos como a luta pelo direito à terra, a ancestralidade, o empoderamento comunitário, e a longa trajetória de resistência dos quilombolas. A avaliação é a de que a vivência impacta positivamente na formação crítica das e dos estudantes, na medida em que reforça a necessidade de combate ao preconceito para um futuro mais inclusivo, justo e igualitário.

Dia 28

O 1° Ciclo de Palestras da Consciência Negra também teve como palestrante a representante discente do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) do campus Castanhal do IFPA, Alice Sousa, que discorreu sobre o tema “Identidade negra e o papel do coletivo Jovens Negros da Amazônia (JNAM) na luta antirracista”.

A estudante chamou atenção para a necessidade de ampliar o número de coletivos estudantis negros nas instituições de ensino, haja vista que o JNAM é possivelmente o único coletivo voltado à discussão sobre racismo no Instituto Federal. Em seguida, fez um breve histórico do surgimento do JNAM, seus objetivos no campus Castanhal do IFPA e relatou algumas das ações educacionais e politicas realizadas para aumentar a autoestima e consolidar a identidade negra das e dos estudantes, que auxiliam no reconhecimento de práticas discriminatórias e fortalecem o enfrentamento ao racismo estrutural dentro e fora das salas de aula.

Para Alice, as iniciativas do JNAM, desde as mostras de fotografias e rodas de conversa até o apoio psicológico, são fundamentais para que estudantes negras e negros se sintam representados e acolhidos no campus, além de motivados a permanecer no IFPA para que tenham formação de qualidade e mais perspectivas socioeconômicas. Por fim, enfatizou que o coletivo está aberto a todas e todos os discentes, incluindo não-negros, interessados em aprender e contribuir com a discussão acerca da questão racial.

Dia 29

A coordenadora do NEABI do campus Castanhal do IFPA, Professora Damiana do Nascimento, encerrou a programação com a palestra “A Importância da Rede RENNEABI na Construção das Lutas Antirracistas no IFPA”, em que historiou as ações e eventos promovidos pela Rede, incluindo a criação de núcleos de estudos afro-brasileiros e indígenas, a realização de encontros e fóruns, a produção acadêmica das e dos integrantes.

Damiana também falou sobre a participação de membros vinculados à RENNEABI na Comissão Institucional de Heteroidentificação do IFPA, analisou os desafios enfrentados na implementação de leis e políticas relacionadas à educação étnico-racial e reiterou que as iniciativas antirracistas do Instituto precisam de maior apoio e recursos.

Ciclo de Debates

O evento foi uma realização da Secretaria de Políticas para as Mulheres e Combate às Opressões do SINASEFE IFPA, CTRB e CIABA, com mediação da dirigente sindical responsável pela pasta Isabel Lopes.

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