Nota de Solidariedade à Ministra Marina Silva

Coordenação de Políticas para as Mulheres do SINASEFE manifesta solidariedade à Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que foi desrespeitada por parlamentares, no último dia 27 de maio, durante sua participação em uma Audiência Pública, na Comissão de Infraestrutura do Senado. Compreendemos que a violência sofrida por Marina Silva expressa, infelizmente, uma das várias facetas adotadas pela extrema-direita, que visam silenciar mulheres e as fazerem vítimas cotidianas do machismo e da violência política, de gênero e raça, sobretudo aquelas que ocupam espaços de protagonismo.

Ao apontar para a Ministra Marina Silva que ela “se coloque no seu lugar”, vimos o machismo e a misoginia presentes na sociedade se materializarem e reforçar que mulheres, sobretudo mulheres negras, com trajetórias de luta, não devem ocupar espaços de decisão na vida pública do país. O sexismo, machismo e racismo destinados à Marina visam deslegitimar os prêmios e o reconhecimento internacional direcionados à ela, sobretudo na luta em defesa do meio ambiente. Mais do que isso, buscam construir a imagem de uma pessoa fraca e incompetente para ocupar o cargo de Ministra, no momento em que o parlamento nacional tenta, mais uma vez, fragilizar a legislação ambiental brasileira.

Muito embora a população brasileira seja composta majoritariamente por mulheres (51,5%, segundo o Censo Demográfico de 2022), observa-se que, no Congresso Nacional, as mulheres representam 18% dos parlamentares, sendo 92 deputadas e 15 senadoras, o que faz do Brasil o centésimo trigésimo terceiro (133º) país do mundo no que tange a presença de mulheres em parlamentos, segundo levantamento feito pela Organização das Nações Unidas (Onu) com dados de 183 países. Em um contexto político no qual a presença das mulheres é uma exceção, os ataques perpetrados contra a Ministra destinam-se a todas as mulheres que ousam ocupar o espaço público e os cargos de Poder, logo, não é um ataque individual, mas carrega marcas inerentes ao modo de funcionamento da extrema-direita, permeados pela misoginia, capacitismo, transfobia, racismo, machismo e preconceito de classe.

Diante do aumento dos casos de violência política de gênero, torna-se ainda mais importante a construção de políticas públicas de enfrentamento contra essa forma de violência, incluindo responsabilização e punição efetiva daqueles que reiteradamente a praticam, bem como aos partidos políticos que permitem que esse comportamento se perpetue. A sociedade brasileira não pode mais aceitar que, em pleno século XXI, o machismo e o sexismo se manifestem tão escancaradamente na política nacional e seus autores continuem impunes. Da mesma forma, é preciso que haja uma política efetiva que garanta o espaço de mulheres em todos os âmbitos da política nacional.

A Coordenação de Políticas para as Mulheres do SINASEFE repudia as ofensas proferidas à Ministra e reafirma a importância de que ela e sua trajetória política sejam respeitadas; aponta a importância de enfrentarmos a extrema-direita, que instrumentaliza e estigmatiza as opressões vivenciadas por mulheres e visa deslegitimar suas trajetórias e construções políticas, para pavimentar o avanço dos projetos autoritários; e conclama nossas companheiras de luta a ocuparem os espaços políticos e lutarem contra o projeto de Poder da extrema-direita em nosso país.

Por uma existência sem violência!

Coordenação de Políticas para as Mulheres
Secretária: Flávia Cândida do Nascimento de Souza
Secretária-adjunta: Grazielle Nayara Felício Silva

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Baixe aqui a Nota da Coordenação de Políticas para as Mulheres do SINASEFE visível logo acima (arquivo PDF, tamanho A4, uma página).

Fonte: SINASEFE-DN

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